quinta-feira, 12 de março de 2015

Doidas e Santas. Uma pausa para falar de Literatura.

Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascinante.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.


Martha Medeiros

Do livro Doidas e Santas.

Eu tenho vários livros da Martha e sugiro a qualquer pessoa que leia, pois são textos muito leves, divertidos e inusitados até. Amo a escrita de Martha. Amo as histórias que ela conta. Amo o jeito como ela vê a vida e a transcreve em suas obras. O primeiro livro que li dela foi o "Feliz por nada". Depois dele, viciei. Saí comprando os outros antigos e pronto, mais uma fanática por Martha Medeiros surgiu no mundo. Gosto de escritores que não fazem rodeios com as palavras, que dizem exatamente o que querem dizer. Detesto quem escreve enigmas, ou seja, textos que põem milhões de dúvidas no que se refere à interpretação. Eu até gosto de um texto instigante, com um pouco de mistério, mas evito ler coisas que são exageradamente complexas. Não é preguiça de pensar. É preferência por leituras que consequentemente vão me deixar mais leve pelo fato de gerarem prazer.  

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